Origem

O CAFÉ

Bebida com sabor intenso e aroma forte, de consumo caseiro ou social, ninguém fica indiferente à fragrância do café que, hoje, constitui um hábito adquirido e disseminado por todo o mundo, com elevada importância na economia internacional – é um dos principais produtos de exportação de quarenta países menos desenvolvidos.

Sabia que actualmente o café é a segunda bebida mais consumida do planeta, apenas superada pelo água e a segunda mais comercializada no Mundo, só superada pelo petróleo!

 

O Cafeeiro

O grão de café utilizado para fazer a bebida vem de uma planta, o cafeeiro, que é um arbusto da família das Rubiáceas que pode alcançar até 10m de altura, mas as que são usadas no cultivo costumam ser cortadas, de modo a facilitar a colheita. Com folhas longas e de forma oval, a planta caracteriza-se por possuir no mesmo ramo o fruto e cachos de flores brancas perfumadas. Apesar de crescer por todo o mundo, a planta do café apresenta um maior desenvolvimento em locais frios e húmidos, situados em altitudes mais elevadas dos trópicos e sub-trópicos. A terra, o clima, a altitude e as plantas vizinhas são alguns dos factores que afectam o sabor dos grãos, motivo pelo qual sentimos a diferença quando experienciamos o café proveniente de várias zonas diferentes. Normalmente, o cafeeiro começa a dar frutos apenas 3 a 4 anos após a sua plantação. O seu maior rendimento acontece entre o quinto e o décimo ano de existência e os seus frutos podem ser germinados até cerca de 30 anos. Enquanto jovem, o fruto apresenta uma cor verde, passa a amarelado e, apenas quando amadurece, apresenta uma cor vermelha brilhante que indica que se encontra pronto para ser colhido. É nesta última fase que a pele do fruto do café fica muito grossa e protege as sementes que dão origem ao café.

 

Variedades de café

O café possui duas variedades principais:

Arábica e Robusta

O café arábica descende dos pés de café originais da Etiópia. O café feito a partir desta variedade tem sabor suave e aromático. Ele é o rei dos cafés e responde por cerca de 70% da produção mundial. Esta espécie cresce melhor em grandes altitudes, entre 610 e 1.829m acima do nível do mar. Temperaturas amenas (16º a 24ºC) e cerca de 152 cm cúbicos de chuva por ano garantem o crescimento do café arábica.

O café robusta representa cerca de 30% do mercado mundial. O grão é menor e mais redondo do que o arábica. A espécie robusta é uma planta vigorosa e pode suportar temperaturas mais quentes, até 29°C (85ºF). Ela também se pode desenvolver bem em altitudes mais baixas em comparação com a espécie arábica. Os grãos do café robusta produzem um café de sabor amargo com cerca de 50% mais cafeína do que o arábica. Encontram-se plantações do café robusta no sudeste asiático e no Brasil.

 

Distribuição geográfica do café

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O café cresce melhor numa área conhecida como o Cinturão do Grão – uma faixa ao redor da terra entre os trópicos de Capricórnio e de Câncer.

O pé de café prefere solo rico e temperaturas amenas, com bastante chuva e protegido do sol. Solo, clima e altitude têm influência sobre o sabor dos grãos.

 

Origem e História

Muitos são os mitos e as lendas misteriosas que se contam quando nos interrogamos sobre a origem deste fruto tão apreciado. Proveniente do árabe qahwah e, frequentemente associado ao Kaffa, os etimologistas acreditam que o café é nativo da Etiópia. E como surgiu afinal?

O mito mais disseminado mundialmente remonta ao ano 600 A.C e conta a história do pastor Kaldi e do seu rebanho de cabras. Reza a lenda que, enquanto passeava as suas cabras nos campos de um mosteiro, Kaldi começou a estranhar a agitação do rebanho ao ingerir umas cerejas vermelhas de um arbusto silvestre. Curioso, o pastor decidiu provar o fruto desconhecido, que passou a ser o mais apetecido pelos monges, pois logo após tal acção, o viram a dançar juntamente com as suas cabras. A partir desse momento, esta “mistura de cerejas” passou a ser fervida e o seu líquido usado como elemento que mantinha os monges acordados por muito tempo, durante longas horas de orações.

O cultivo comercial do café começou a ser realizado cedo apesar dos primeiros relatos só aparecem no século XV. As primeiras casas de café foram abertas em Meca, mas esta bebida revitalizante acabou por se popularizar por toda a população árabe. Acredita-se que tal movimento se deveu ao facto dos muçulmanos não poderem ingerir álcool, tendo encontrado no café um substituto revigorante adequado.

Caracterizada como mercadoria muito valiosa, o segredo do café era religiosamente ocultado pelos árabes ao impedir as visitas às plantações e a cedência de grãos férteis para fora do país. O grão acaba por chegar à Europa através de Veneza e, pelos comerciantes da Rota das Especiarias, local onde é aberto o primeiro estabelecimento com café, apesar de alguns opositores o apelidarem de “invenção amarga de Satanás”. A polémica foi tal que necessitou da intervenção do Papa que, para eliminar a dúvida, provou a bebida e anunciou a sua aprovação. Esta acção foi o motor para o crescimento das casas populares, onde o café se tornou uma bebida social – não foi pioneiro, os muçulmanos já usavam a bebida nos seus convívios musicais e desportivos, como o xadrez.

Foi Portugal, que no ano de 1727, criou a primeira plantação de café no Brasil com plantas levadas da Guiana Francesa, introduzindo o café nessa área do globo.

Durante o século XVIII, potências europeias como Portugal, Espanha, Inglaterra, França e Holanda iniciaram o cultivo do café nas suas colónias devido ao clima favorável ao plantio. Para além do Brasil, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique tornaram-se grandes produtores de café.